Já estava à algum tempo marcado com o Miguel, Diogo e
Nélson, o percorrer do muito falado Caminho Português de Santiago.
A história deste caminho é interessante e histórica, pelo que deixo aqui um link sobre a história do mesmo para quem quiser saber o "porquê das coisas"!
Dia 1 : Cavalões - Valença
Arrancamos
de Cavalões na quinta-feira, 6 de Outubro, por volta das 7:00. A luz do dia
ainda era fraca quando montamos nas bicicletas, com a mochila às costas, com
vista a obter o primeiro carimbo em S. Pedro de Rates, foi o início da
aventura!
Tínhamos acordado entre todos fazer uma paragem para o
pequeno-almoço em Barcelos. Fomos à única padaria/pastelaria de Portugal que
não faz pães com manteiga!!! Somos mesmo uns priveligiados….!
A próxima paragem estava marcada para Ponte de Lima mas, antes de voltarmos à peregrinação, ainda fomos à PSP de Barcelos carimbar a
credencial.
Ao longo do caminho íamos passando por outros peregrinos, principalmente a pé!
Em Ponte de Lima fizemos a tal paragem programada para o
almoço, eram cerca das 12:30 quando chegamos à Tasquinha das Fodinhas para umas
sandes de panado. O nome engana um bocado!, apesar de ter um cardápio, no mínimo,
curioso, o que se come lá são mesmo panados e bolinhos de bacalhau e rissóis,
etc…!
O trajecto da parte da tarde, Ponte de Lima – Valença é, sem
dúvida o meu preferido de todo o Caminho de Santiago. Caminhos e paisagens agradáveis,
frescura das árvores, passagem perto do rio…, tudo o que o peregrino/BTTista
precisa para sorrir… e pedalar!
Ao longo do caminho íamos fazendo algumas paragens em
albergues, cafés… não só para descansar mas, mais importante!, carimbarmos as
nossas credenciais de peregrino que iriam marcar o nosso “rasto” ao longo do
caminho.
A cruz dos Franceses...
Chegados a Valença, fomos directos para o albergue onde
iríamos passar a noite na ânsia de tomar um merecido banho, de forma a tentar
enganar o cansaço, que já era evidente!
Antes ainda do jantar, passamos no centro de saúde, visto o
nosso camarada Nelson estar, já à algum tempo, com dores num joelho. Saídos do
centro de saúde e, posteriormente, da farmácia fomos à procura de um
restaurante para repor as forças.
Fomos parar a um restaurante que estava completamente vazio,
pedimos o jantar e, como a fome era muita, pedimos pão e manteiga para irmos “trincando”
qualquer coisa e a resposta do senhor foi curiosa:
“...nós não trabalhamos
com manteigas…”
Terminado o jantar, fomos andando de volta para o albergue.
Daí a nada estávamos deitados, e “alguns” de nós, não demoraram 2 minutos a
adormecer. Para “outros”, não foi nada fácil dormir tal era o barulho que quem
dormia fazia!!
Dia 2 : Valença - Padron
Na sexta-feira seriam por volta das 7:00 quando fomos tomar
o pequeno almoço a uma padaria perto do albergue, “aqui já havia manteiga”!
Depois, foi só o tempo de tratar das bicicletas, e voltamos à viagem. Dali a
nada, já estávamos a entrar em Espanha e a pensar;
“…mais uma internacionalização!”
Passamos Tui e Porriño e antes de chegarmos a Redondela a
dor de joelho do Nelson voltou a atacar. Mas sempre sem desanimar, nem sequer pensar em desistir, continuou como um verdadeiro peregrino.
Decidimos então, parar em Redondela para
descansar e almoçar.
A parte da tarde correu bem embora, à medida que íamos
avançando no caminho este parecia que ia esticando e tornava-se mais penoso, muito por causa do cansaço acumulado do dia anterior. O tempo foi passando e
nós fomos pedalando até que, ao fim do dia, chegamos, finalmente, a Padron.
Em Padron, optámos por não ficar no albergue mas sim, na
pensão El Cuco.
Depois do banho, e de darmos umas voltas a pé por Padron, entramos num restaurante, cujo nome já não me recordo, para o desejado jantar.
Dia 3 : Padron - Santiago de Compostela
Este dia seria o mais curto e o mais empolgante, era a
chegada a Santiago de Compostela!
Arrancamos logo pela manhã, fiquei, na altura, um pouco
confuso com as horas que seriam, visto que em Espanha é uma hora mais tarde. O
caminho foi agradável e bem disposto até que avistámos Santiago de Compostela.
Andamos mais uns quilómetros e chegámos!!
Foto tirada por um peregrino inglês.
Fomos directos para a “casa do peregrino” (não me lembro do
nome correcto!!) e, depois de algum tempo na fila, conseguimos, finalmente, o
nosso diploma de peregrino, ao qual tivemos acesso, depois de entregar a nossa
credencial “repleta” de carimbos! Foi o alcançar no nosso objectivo.
Demos um passeio junto da catedral e decidimos ir directos para a estação de comboios, antes ainda de almoçar.
Foi aqui que começou a segunda aventura, vir embora de
comboio. Tudo começou na estação de Santiago de Compostela quando, na
bilheteira, mesmo depois de insistirmos bastante, só conseguimos comprar três
bilhetes com transporte de bicicleta e um normal. Tivemos de convencer o
revisor do comboio, a deixar-nos vir os quatro, com as bicicletas, o qual foi simpático e acedeu ao
nosso pedido. A viagem foi apenas até Vigo onde, apenas ao final do dia,
apanharíamos o comboio internacional da CP para Famalicão.
No comboio espanhol.
Depois de algumas horas à espera, durante as quais foram-se
acumulando outros ciclistas também de regresso a Portugal, o segurança da
estação mandou-nos ir pondo as bicicletas na primeira carruagem do comboio e
foi o que fizemos, colocando as bicicletas nos espaços possíveis junto das
portas, visto este comboio não ter nenhum sítio específico para as por.
Esperamos mais um pouco até que apareceu o revisor espanhol, a ordem deste foi,
“todas as bicicletas
para fora da carruagem”, isto em espanhol, claro!
Tivemos que levar as bicicletas para as últimas carruagens
do comboio. Fomos os últimos a entrar com as bicicletas, e reparamos que as
últimas carruagens estavam cheias de bicicletas e os respectivos ciclistas
estavam todos na carruagem a seguir. Acabamos por ficar na última carruagem
vazia, com as nossas bicicletas no meio dos assento,s e o comboio lá seguiu
viagem.
No comboio português.
Chegados a Valença entrou o revisor português e começou mais
uma novela. Quando este chegou à nossa carruagem para cobrar os bilhetes ficou
espantado por termos as bicicletas no meio dos assentos e mais espantado ficou
quando viu, através do vidro as portas que separam as carruagens, tooooodas as
outras bicicletas! Ameaçou que nos punha lá fora, que não podíamos ir assim, e
de nada adiantou dizermos o que se tinha passado! Tudo isto com uma plateia de
ciclistas, que observavam toda a conversa, espreitando da outra carruagem!
Tudo isto acabou em bem e lá chegamos a Famalicão por volta
das 21:30. Tinha acabado a aventura que deixou boas recordações.